terça-feira, 22 de setembro de 2015

Aniversário do SUS - conquistas, lutas e desafios


A Constituição de 1988 foi um marco na história da sociedade brasileira, principalmente para a saúde pública que definiu a SAÚDE como "direito de todos e dever do Estado".
O SUS surge através de muita mobilização e força social dos movimentos populares, diante de um cenário em que as pessoas que tinham acesso à saúde eram apenas os trabalhadores de carteira assinada que contribuíam com a previdência social. As pessoas que não tinham trabalho regulamentado e não tinham condições de pagar pelo serviço privado só tinham acesso a algumas ações do Ministério da Saúde (por exemplo, a vacinação).
A Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990) fundou o SUS. Em poucos meses foi lançada a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que imprimiu ao SUS uma de suas principais características: o controle social, ou seja, a participação dos usuários (população) na gestão do serviço.
Em 19 de setembro de 2015, completamos 25 anos do surgimento de uma nova concepção de saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS), universal e gratuito para todos os brasileiros. Protegeu, dessa forma, aos indigentes e famílias inseridas no mercado informal de trabalho, que antes não tinham acesso aos serviços públicos de saúde da Previdência Social. Mudou a forma de organização dos serviços de saúde, aumentando a oferta de atenção primária e iniciando um processo regulado de acesso aos serviços de maior complexidade. Proporcionou uma rápida melhoria nos indicadores básicos de saúde da população brasileira, como aqueles associados aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Mas a construção do SUS, longe de ser um processo fácil, teve muitos problemas e continua tendo alguns. Sua implementação tem sido lenta e apresenta algumas vezes retrocessos.
Podemos citar várias conquistas, tais como: a criação da Estratégia de Saúde da Família; O controle e eliminação de doenças através do programa de vacinação, considerado referência mundial; Realização de transplante de órgãos; Tratamento de câncer; Redução da mortalidade infantil; Controle de doenças transmissíveis; Criação da Rede de Atenção Psicossocial – RAPS, Criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA; Implementação do Serviço Móvel de Urgência- SAMU; Programa de Agentes Comunitários em Saúde – PACS; dentre outros. São inúmeros exemplos de avanços que interferiram diretamente na vida da família brasileira e que servem de inspiração para muitos países da América Latina e no restante do mundo.
Apesar de muitas conquistas, durante esses 25 anos do SUS, muitos golpes foram orquestrados com a função de boicotar e sucatear o SUS.
Temos vivenciado uma crise econômica mundial e o Brasil tem respondido às investidas do capital internacional através das medidas de ajuste fiscal, imprimindo sobre a classe trabalhadora uma série de retrocessos. A saúde, como um direito social, foi alvo de um corte de 9 bilhões no primeiro semestre de 2015, em um pacote que inclui ajustes na Educação, Habitação e Seguridade Social. Essa conjuntura coloca para todo o povo brasileiro a necessidade de acumular força social para barrar medidas que retirem direitos conquistados e construir de forma unitária com as organizações e movimentos sociais uma alternativa para a política econômica brasileira.
Precisamos continuar lutando contra as atuais ameaças à saúde pública brasileira. O projeto de saúde defendido pelo SUS não dialoga com o projeto neoliberal privatista que entende a Saúde como sinônimo de lucro! Portanto, nessa data de hoje temos que comemorar os avanços e nos organizar para combater os ataques que ameaçam o SUS. Defender o SUS é defender um projeto de sociedade que não trate a saúde como mercadoria, que não privilegie os ricos, que não segregue, não desumanize e nem mate o nosso povo. É preciso que a saúde seja pensada com o povo, que sabe o que quer e entende que ter saúde perpassa por uma luta transversal por educação de qualidade, moradia digna, lazer, cultura, direito à cidade, entre outros.

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